Coreia do Sul

O imperialismo yankee por trás de Yoon Suk-Yeol, presidente da República da Coreia

Dia 03 de Dezembro de 2024, a partir do meio dia no Horário de Brasília (meia noite no Horário coreano), o presidente da República da Coreia, Yoon Suk-Yeol, na TV nacional, anunciou a implementação da Lei Marcial, argumentando que a oposição, em maioria no Parlamento estava alinhada à República Popular Democrática da Coreia, em um momento que o presidente vem tomando posicionamentos firmes contra a RPDC e tendo sua popularidade no país sendo reduzida ao ridículo. Imediatamente, tropas militares da lei marcial tentaram invadir o prédio da Assembleia Nacional da Coreia do Sul, onde o Parlamento votava contra a imposição da lei marcial, 190 (cento e noventa) deputados contra 0 (zero). As forças militares ainda tentavam adentrar a força o prédio da Assembleia, um confronto com civis estava ocorrendo, e as marcas da tentativa das forças militares ficaram presentes na estrutura do Parlamento. Houve o recuo das forças militares, a Confederação Coreana de Sindicatos (KCTU) declarou greve geral até a renúncia de Yoon Suk-Yeol, esse mesmo que de volta à TV nacional, declarou a queda da lei marcial e o reconhecimento da votação do Parlamento. O golpe não deu certo, não tinha apoio popular, mas essa história é apenas uma repetição do que já, várias vezes, ocorreu no país, e o que, várias vezes, já ocorreu ao redor do mundo, uma tentativa de manter o poder com a retórica de um perigo comunista.

Bandeira dos Estados Unidos é hasteada na parte sul da peníncula coreana após a rendição do Império Japonês

Em 1945, ocorreu a divisão da península coreana a partir do paralelo 38, com as tropas soviéticas ao norte, e as tropas dos Estados Unidos no sul, lutando contra os soldados do Império Japonês, que se renderam ainda em 1945. Esse período de tutela que deveria ser curto acabou durando para sempre. Em 1948, o norte se tornou independente, se tornando a República Popular Democrática da Coreia, ocorrendo a saída das tropas soviéticas ao norte da península, ao contrário do sul, que mesmo em 1948 com a proclamação da República da Coreia, as tropas imperialistas permaneceram na parte sul, em uma posição de autoridade e superioridade, ocasionando todo um movimento econômico, político e cultural ao favorecimento das tropas imperialistas, não do povo coreano. Até a eclosão da Guerra da Coreia em 1950, desde a ocupação estadunidense na parte sul da península, houve movimentos de realocação de tropas próximas ao paralelo 38 com o objetivo de confrontar a RPDC, além da priorização dos investimentos ao aparato militar da República da Coreia do que realmente na melhoria das condições de vida do povo no pós guerra e na pós ocupação japonesa. Antes e durante a Guerra da Coreia, o Exército Sul Coreano sob supervisão de militares dos Estados Unidos, lideraram diversos massacres contra comunistas e civis que eram contra a ocupação dos Estados Unidos e toda a mobilização militar contra os Estados Unidos. 

“Temos que matá-los.”

Oficial sênior da inteligência sul-coreana, referindo-se aos comunistas do sul.

Mesmo após a Guerra da Coreia, o estado sul-coreano persistia em perseguir, prender e executar comunistas e civis pró-RPDC e contra a ocupação estadunidense por meio da Lei de Segurança Nacional, o que foi tentado hoje, por Yoon Suk-Yeol. A República da Coreia ficou conhecida como um estado verdadeiramente anti-comunista, participando dos massacres ao povo vietnamita durante a Guerra do Vietnã ao lado do exército terrorista dos Estados Unidos da América. Mesmo com a abolição de um estado terrorista, a Coreia do Sul pós década de 1980 persistia também na perseguição e prisão de membros progressistas, os acusando de serem aliados da RPDC apenas para dar legitimidade a sua prisão para afastados do meio político quando fosse necessário, isso tudo servindo aos colonos estadunidenses, permanecendo até hoje como servos do militarismo dos Estados Unidos e dos interesses imperialistas. Devemos lembrar da história do hoje Partido Progressista (진보당), que nas eleições de 2012, o partido estava no 3° lugar na corrida presidencial, com a pauta anti-imperialista, com o objetivo de retirar as tropas estadunidenses do país. Em 2013, o deputado Lee Seok-ko foi acusado pelo serviço de inteligência sul-coreano de orquestrar uma revolução pró-RPDC. Mesmo não devidamente comprovada, o deputado foi sentenciado a 12 anos de prisão pelos crimes de Conspiração de rebelião, Instigação de rebelião e Beneficiar o inimigo, a ofensa sob a Lei de Segurança Nacional, ocorrendo a dissolução do partido por meio das forças sul-coreanas alinhadas ao imperialismo. O partido agiu na clandestinidade até sua refundação em 2017, como Partido Progressista (진보당), permanecendo com a pauta de combater a permanência das tropas estadunidenses no país. Mesmo refundado, o partido sofre ainda com perseguição e acusação de serem alinhados à RPDC, utilizando de encontros que o partido tem com o Partido Social Democrata da Coreia (RPDC) para tentar justificar essa aliança, que já foi declarada pelo partido, que não existe.

Exército da Correia do SUl com a bandeira dos Estados Unidos da América e da República da Coreia

Esse mesmo imperialismo que o estado sul coreano é servo, é o mesmo imperialismo que massacrou a população da RPDC durante a Guerra da Coreia, continuaram a lançar hostilidades diretas a RPDC no pós Guerra da Coreia, em espionagem e sanções para impedir o desenvolvimento do país. Esse imperialismo que diversas vezes impediu a reunificação pacífica do povo coreano e que condena as atividades de auto-proteção da RPDC, enquanto o mesmo imperialismo continua com as mesmas táticas hostis na República da Coreia contra a RPDC, principalmente próximo ao Paralelo 38. Esse imperialismo que é autoridade em última instância do exército sul-coreano, o Comando das Forças Combinadas ROK/EUA é autoridade máxima ao exército sul-coreano, onde o comandando máximo desse comando é o general Paul LaCamera, um general do exército dos Estados Unidos da América. Enquanto os trabalhadores coreanos clamam uma reunificação e uma melhoria significativa na qualidade de trabalho, em que as mulheres clamam por uma garantia de sua segurança como mulher na sociedade coreana, o que equivale também a comunidade LGBTQIAPN+ na República da Coreia que são hostilizados pelo aparelho estatal e pela sociedade.

Presidente da República da Coreia, Yoon Suk-Yeol e Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden.

O dia 03 de Dezembro de 2024 deverá ser lembrado na história como o dia que a República da Coreia destruiu ao mundo a imagem que a onda Hallyu, como soft power, construiu durante os últimos anos para o mundo, para esconder a corrupção governamental e das empresas privadas, a perseguição à quadros políticos progressistas, o abuso contra trabalhadores e o estado de colônia que persiste no país desde 1945, quando o aparato militar, a construção política e a estrutura cultural são obras imperialistas dos Estados Unidos da América. O que vimos hoje, é apenas uma das bandeiras vermelhas que sempre balançaram-se ao mundo, a República da Coreia em primeiro lugar está em prol dos interesses imperialistas, em segundo e último lugar, em prol dos interesses liberais e conservadores, pois o povo não está na área de discussão governamental, o povo ainda é visto como servo. Enquanto não houver uma revolução na República da Coreia e a expulsão dos militares yankees e dos interesses imperialistas no país, esse tipo de política continuará, pois não há liberdade ao povo coreano, na República da Coreia, desde 1945.

Referências:

BURCHETT, Wilfred. WINNINGTON, Alan. Kojan Unscreened. Britain-China Friendship Association, 228 Grays Inn Road, London, W.C.I.

DPRK-US SHOWDOWN: Foreign Languages Publishing House, Pyongyang, Korea, Juche 103(2014).

GOWANS, Stephen. Patriots, Traitors and Empires: The Story of Korea’s Fight for Freedom. Baraka Books, 2018.

KOREA’S DIVISION AND ITS TRUTH: Foreign Languages Publishing House, Pyongyang, Korea, Juche 103(2014).