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O respeito aos líderes na Coreia do norte

O respeito e a cortesia para com o líder não são uma questão formal, mas uma questão essencial.
Artigo de Kim Ung Jin, sul-coreano apoiador da RPDC.

Nota: na língua coreana, existe linguagem formal (존대말) e informal/casual (반말), que na prática significa o uso de palavras, honoríficos e conjugações específicas de acordo com a pessoa que fala e com quem se fala, o nível hierárquico, que compreende desde a idade até a posição social. Se uma pessoa numa posição inferior (아래사람) se dirige a alguém numa superior (위사람) deve usar a “linguagem que eleva” essa pessoa (tradução aproximada 높임말). No contrário, deve usar a “linguagem que diminui” a outra (낮춤말). Note que nada disso significa desrespeitar o outro, é uma parte normal da cultura, que tem profundas raízes no confucionismo. É nesse sentido que o autor fala da necessidade, e dos porquês, de se referir respeitosamente aos líderes coreanos, algo que os coreanos no sul e outros países relutam em fazer.

■ O respeito e a cortesia e o uso de títulos honoríficos para com os grandes Líderes e o Máximo Dirigente da Coreia estão ligados à questão da reunificação.

Se os coreanos do sul e os coreanos em todo o mundo não seguirem os modos e a etiqueta do povo coreano, a reunificação completamente independente da pátria não será possível.

Isso não é uma questão trivial. É uma questão muito importante e séria. Você poderia se associar com pessoas que falam de seus pais e avós sem usar títulos honoríficos?

■ Em uma sociedade coletivista, numa grande família socialista, não usar linguagem honorífica para se referir aos grandes homens do país, ao dirigente da nação, é mais rude do que não usar linguagem honorífica para se referir aos “adultos” em uma casa, como avós e pais. Assim como não há sul-coreanos que tolerariam essa falta de cortesia pessoal, o povo da RPDC não tolerará o uso de linguagem não honorífica para se referir ao líder e aos grandes homens. Esta é uma questão crítica que deve ser corrigida antes dos intercâmbios e da reunificação entre o Norte e o Sul.

Você não percebe que o respeito aos líderes em uma sociedade coletivista, em uma grande família socialista, é ainda mais importante e sério do que o respeito pelos “adultos” em um nível pessoal? Você poderia se associar com pessoas que chamam seus pais e avós pelo nome, sem usar títulos honoríficos?

■ Escrevo este texto ao ver alguém que afirma acreditar na Ideia Juche evitar o uso de títulos honoríficos e superlativos para se referir aos grandes líderes da Coreia, incluindo o grande Líder e o General. O uso de títulos honoríficos para se referir aos paternos líderes e ao Máximo Dirigente da Coreia é o núcleo da Ideia Juche. Aqueles que não respeitam a cultura linguística e a etiqueta coreana, e que consideram os modos ocidentais como padrão absoluto, são, na verdade, servos do imperialismo, assim como os sul-coreanos colonizados, independentemente do que digam. queles que se autodenominam conhecedores do Norte (知北) usam consistentemente expressões como ‘Presidente Kim Il Sung’ e ‘Presidente da Comissão de Defesa Nacional Kim Jong Il’, acreditando erroneamente que isso é uma forma justa, moderna, profissional, acadêmica e jornalística de se expressar. Isso é um grande equívoco e ignorância

■ A posição absoluta do líder é o cerne entre o cerne da ideia Juche. Quanto maior e mais absoluto for o líder, mais forte será o poder do socialismo Juche unido em um coração em torno do líder. A grandeza do líder está diretamente relacionada com a vitória da revolução do Juche. Se você não sabe que o caráter absoluto do líder é o segredo da força da Coreia, você não conhece o Juche.

Elevar o líder é patriotismo e revolução. Por outro lado, relutar em elevar o líder é traição e contrarrevolução. Não consegue saber bem a posição do líder só de olhar para o fato de as forças hostis e traidores nacionais sempre atacarem e insultarem os líderes coreanos?

Além disso, o líder é o símbolo da dignidade da nação e do povo. Desprezar o que é nosso e seguir os modos estrangeiros está longe da Ideia Juche. Se estivéssemos vivendo em 1945, antes da ocupação americana, o uso de títulos honoríficos para os líderes não pareceria nada estranho. No entanto, hoje, muitos acham isso estranho. Isso mostra o quanto fomos profundamente doutrinados pela cultura americana. Devemos estar cientes disso e esclarecer aqueles que não estão.

■ Uma característica importante da língua coreana é o uso de linguagem honorífica. A linguagem honorífica é uma característica inerente à nossa língua e cultura, e faz parte do DNA coreano. A linguagem honorífica existe para ser usada, não como enfeite. Nossa cultura sempre usou amplamente a linguagem honorífica. O norte da Coreia preservou bem nossa tradição linguística e cultural.

O norte da Coreia respeitou e preservou tudo o que é nosso, incluindo a independência e a dignidade nacional.

Alguns coreanos na China também mantiveram essa tradição. No entanto, os coreanos no sul e no mundo ocidental perderam completamente essa tradição. Nossa língua, cultura, pensamento, aparência, cérebro e identidade foram transformados.

■ Reflita sobre si mesmo. O hábito de desprezar o que é nosso e considerar os modos ocidentais como padrão absoluto se enraizou profundamente em nós ao longo de 73 anos, tornando-se uma segunda natureza, ou até mesmo a primeira natureza.

Aqueles que se consideram instruídos não apenas desprezam o que é nosso, mas também racionalizam sistematicamente suas ações. Eles desprezam a cortesia (embora mantenham a cortesia em um nível pessoal – você se sentiria bem se um jovem falasse com você sem respeito?), despersonalizam e objetificam tudo, considerando isso como “acadêmico”, “objetivo”, “profissional”, “imparcial”, “moderno” e “democrático”. Eles absolutizam e divinizam o ego, enquanto rejeitam os modos coreanos e evitam o uso de títulos honoríficos. O individualismo é claramente uma criação do capitalismo ocidental. O individualismo não é nosso.

■ Um teste simples para si mesmo: A expressão “O estimado camarada Máximo Dirigente, o Marechal Kim Jong Un, disse…” soa estranha para você? Você evita usar essa expressão?

Se sim, você ainda está profundamente doutrinado pela cultura ocidental e pela cultura da linguagem informal(반말).

Mesmo aqueles que afirmam conhecer a Coreia e a Ideia Juche, e que se dizem “pró-Norte”, ainda consideram os modos ocidentais como padrão absoluto, evitam os modos coreanos, e preferem os estrangeiros. Isso é evidente nos textos que escrevem.

■ No sul da Coreia, também se usa linguagem honorífica e títulos, mas apenas em um nível pessoal (entre família e amigos) e para chefes no trabalho, pessoas ricas e poderosas. Não há conceito de dirigente do povo ou líder da nação, nem de comunidade nacional ou grande família socialista. O presidente é apenas uma figura decorativa, um alvo para críticas, adaptado e doutrinado pelo sistema americano. Não há orgulho nacional ou conceito de líder da nação. O líder é visto como um monarca feudal, “antidemocrático” e vergonhoso, e o coletivismo é considerado sinônimo de “ditadura”. Eles não reconhecem a ditadura hereditária do capital. Em política, economia, cultura, etiqueta e língua, consideram os modos ianques-ocidentais como padrão.

■ Cerca de um ano atrás (no início de 2018), ouvi uma transmissão de Yanbian. Um repórter coreano disse: “O Presidente Xi Jinping visitou a Prefeitura Autônoma Coreana de Yanbian na semana passada.” Isso é semelhante ao uso de linguagem honorífica e títulos na transmissão de Pyongyang: “O estimado camarada Máximo Dirigente visitou a Fábrica Têxtil de Pyongyang.” Esta é a nossa cultura e modo de falar original. Após a ocupação do sul da Coreia por MacArthur em 15 de agosto de 1945, antes de começar a americanização sob o governo militar dos EUA e o regime de Syngman Rhee, refletia-se fielmente a cultura emocional e a cultura linguística dos líderes das pessoas, dirigentes, anciãos e grandes pessoas coreanas. Nossa cultura foi bem preservada na Coreia e ainda permanece em certa medida entre os coreanos étnicos.

A contaminação por influências estrangeiras no sul da Coreia é extremamente grave. A língua está contaminada e alienada por inglês e outras línguas estrangeiras, bem como por gírias misantrópicas, e a cultura ocidental de baixa qualidade que despreza nossa cultura em todos os aspectos, o servilismo crônico, o desprezo pelo que é nosso, a perda de consciência de independência…

O meio mais sensível para detectar a grave alienação cultural e ideológica que aliena o que é nosso é como se aceita a linguagem honorífica em relação aos mais velhos, líderes e dirigentes do país. Os elementos que fazem com que as pessoas rejeitem a cortesia e a linguagem honorífica em relação aos grandes líderes e dirigentes revelam um estado mental total e completamente doutrinado pelo estilo ianque-ocidental.

Embora a gramática e a ortografia da nossa língua sejam preservadas na Coreia e em Yanbian (a Coreia do Norte se esforça para não mudar nossa língua antes da reunificação, preocupada com a alienação linguística entre o norte e o sul), no sul, aplicam-se as regras de pronúncia desenvolvidas durante a era colonial japonesa, e a nossa escrita foi alterada arbitrariamente com a regra de iniciais(두음법칙), espaçamento(띄어쓰기), ortografia(철자법), etc., tornando-se estrangeira e de baixa qualidade. Da mesma forma, no sul, nossa cultura e etiqueta desmoronaram completamente desde o governo de MacArthur, que declarou o inglês como língua oficial. Em contraste, no Norte, onde não se sofreu com a linguagem informal, desrespeitosa e desumanizadora dos imperialistas estadunidenses, a língua coreana foi bem preservada junto com a consciência de independência.

■ Com a recuperação da soberania, devemos restaurar completamente nossa língua, nossa cultura, nossas tradições e nossa identidade. Nesse processo, os resquícios coloniais devem ser eliminados. Os sul-coreanos e os coreanos que vivem no mundo imperialista americano dizem que não conseguem aceitar a etiqueta ou o respeito pelo líder no estilo norte-coreano (como se fosse culto à personalidade). Isso se deve ao fato de estarem adaptados à cultura ocidental de desumanização e vulgaridade. A cultura mesquinha ocidental, que confunde linguagem informal e vulgar com algo próprio e hostiliza nossas boas tradições, é um resquício colonial que deve ser eliminado.

■ Os coreanos consideravam carne de cachorro, carne de boi e carne de porco como carne e comiam sem problemas, mas aqueles imersos na cultura ocidental pulam de horror ao ouvir falar de carne de cachorro e dizem que nunca poderiam aceitar isso. Pergunto: comer carne de cachorro é errado desde o início ou é a geração que viveu na cultura ocidental que se tornou diferente? Não estou falando sobre ser a favor ou contra a carne de cachorro. Estou perguntando o que originalmente era nosso.

Não pensemos grandiosamente em “ocidentalização” ou “colonização estadunidense”. Se o respeito e os superlativos para com os líderes usados pelos coreanos de Yanbian e do Norte parecem estranhos para você, então você já abandonou a cultura coreana original e foi domesticado pela cultura colonial estadunidense. Você sente que a gramática ou a etiqueta coreana são estranhas? Pense bem.

■ Um amigo no Facebook, que é emigrante do Norte, escreveu: “Concordo totalmente. Muitas pessoas no Sul falam de culto à personalidade e lavagem cerebral, mas essas pessoas são as que mais veneram os EUA e são lavadas pela propaganda americana.. Reconhecer, admirar, seguir e respeitar o grande líder da nação é uma grande bênção e sorte como membro da nação e como ser humano. O orgulho nacional de ter um grande líder é um orgulho imenso que não pode ser comparado a nada, e esse orgulho me dá uma grande força para viver.”

■ <O problema de adotar a cultura linguística ocidental sem cortesia e respeito como padrão>

Entre os coreanos-americanos, há casos em que a família é culturalmente mista devido ao casamento com brancos. Por exemplo, se um jovem genro americano escreve uma carta ao seu cunhado coreano mais velho dizendo: “Hey bro, when I saw your father last time in his 88th birthday party, he ate up all the food you gave him, so I thought he is still in pretty good shape, and will live longer(Ei mano, quando vi seu pai pela última vez na sua festa de 88 anos, ele engoliu toda a comida que você deu, então acho que ele está em boa forma, e viverá muito)”. Como o cunhado mais velho deve traduzir isso para mostrar ao pai?

“이봐, 형제, 당신 아버지 지난 88회 생일잔치에서 보니 그는 주는 음식을 다 먹어치우더라. 그는 분명 아직도 제법 건강하니 오래살거라고 생각한다.” 라고 번역해야 하나?” (de modo completamente informal e sem respeito).

■ A maioria dos sul-coreanos pensa que traduzir dessa forma é ‘justo’. Especialmente em relação aos líderes da nação.

A tradução correta para o coreano seria: “형님, 지난번 아버님의 88회 생신잔치 때 뵈었더니, 드리는 진지를 모두 잘 잡수시더군요. 아버님께서는 아직도 건강이 넘치시니 분명 장수하실것이라고 생각합니다”(Irmão, vi seu pai na festa de aniversário de 88 anos e ele comeu toda a comida que lhe ofereceram. Claramente, ainda está muito saudável, então penso que viverá muito tempo). Não é assim que deve ser traduzido?

A mídia estrangeira chama indiscriminadamente os nomes dos políticos, por exemplo, “Kim Jong Un visitou a Coreia do sul …” Como isso deve ser traduzido para o coreano? É correto seguir o exemplo da mídia estrangeira?
“Não é justo chamar todos os nomes dos políticos pelo nome?”
“De acordo com os padrões de quem é justo?”
“De acordo com a cultura de quem? A que nação e cultura você pertence?”

“O estimado camarada Máximo Dirigente Kim Jong Un visitou a Coreia do sul” essa é a tradução correta!

As pessoas que foram completamente doutrinadas pela cultura vulgar ocidental tem dificuldade até mesmo com a educação básica sobre a dignidade nacional. Pessoas inteligentes podem perceber e corrigir isso rapidamente, mas para pessoas comuns ou lentas, não há remédio além da mudança social (libertação) e educação repetitiva.

■ Se você é coreano, por favor, daqui para frente, use “grande Líder”(위대한 수령님), “grande General”(위대한 장군님), “estimado camarada Máximo Dirigente”(경애하는 최고령도자동지), OU “Marechal Kim Jong Un”(김정은원수님) ou “Presidente Kim Jong Un”(김정은위원장님). “Senhora Ri Sol Ju”(리설주녀사님) também é a expressão correta. Eles são símbolos da dignidade da Coreia. Evitemos a arrogância e a falta de respeito de dizer “Líder”(수령님이) ou “Presidente Kim Il Sung”(김일성주석이). Vamos mudar para “Líder”(수령님께서), “Marechal”(원수님께서)*. Não é difícil!

*Nota: Na língua coreana, existem várias partículas que marcam a função sintática da palavra. Uma delas é a de sujeito: 이/가, que tem um correspondente respeitoso, parte do 높임말, que é “께서”. É essa oposição que o autor faz nos últimos exemplos. Deve-se usar a partícula respeitosa em vez da comum. como os coreanos no sul e no exterior costumam fazer.

Não cometamos o erro ou a falta de respeito de nos referirmos à dignidade nacional de maneira desrespeitosa, como fazemos ao nomear e depreciar invasores, traidores da nação, degenerados, criminosos, figuras do regime colonial, delinquentes políticos e lixo.

■ Se estivéssemos no período anterior à ocupação americana em 15 de agosto de 1945, nós, coreanos, usaríamos naturalmente termos de máxima cortesia para nos referir aos líderes, anciãos e grandes pessoas da nação.

Expressões como “grande Líder” e “grande General Kim Il Sung” não seriam estranhas. Usávamos naturalmente termos de respeito até mesmo para pessoas como Kim Gu, Yo Un Hyong e até mesmo Syngman Rhee.

Mas e agora? Expressões como “Pai General” são tão reprimidas.

Por que? É uma doença e distorção criada pelos 73 anos de domínio americano.

Isso deve ser corrigido sem falta.